Em meio às buscas por Flávio Tobaldini, 44 anos, que está desaparecido há cinco dias, uma imagem chama atenção: Pitica, uma vira-lata caramelo, aguarda às margens do Rio Uruguai pela volta do dono.

Flávio era condutor da balsa que acabou virando na manhã de quarta-feira (18), em Marcelino Ramos, no norte do Estado. Desde então, o Corpo de Bombeiros e oficiais da Marinha fazem buscas pelo homem. Entre as movimentações das equipes de trabalho, a cachorra espera no mesmo local.

— O Flávio sempre gostou muito dos bichinhos. Gostava de levar eles junto, passeando… Sempre que podiam estavam fazendo a travessia de balsa junto. E os mascotes sentem a falta, ainda mais dele, que era tão cuidador, todo dia estava aqui — conta Marcelo Kirsten, amigo e colega de trabalho de Tobaldini.

Pitica era companheira de Flávio há cerca de 10 anos. O carinho que ela tem pelo dono é também compartilhado por outras pessoas da família, como conta a sobrinha do desaparecido, Fernanda Tobaldini:

— Era a companheira deles, não só do meu tio, mas dos outros que trabalham aqui. Dia e noite a balsa saía e ela ia junto, sempre do lado dele. Ele era uma pessoa que todo mundo gostava. Toda vez que a gente via que era ele na balsa, se sentia segura. Era um homem muito solidário e prestativo, um ser humano incrível — relata a educadora física

Na manhã deste domingo (22), um sonar identificou o local onde o rebocador afundou. Mergulhadores fazem buscas, mas, até o momento, não encontraram Flávio. A suspeita é que ele esteja preso em algum local ou então que possa ter sido levado pela correnteza.

Enquanto isso, familiares e amigos enfrentam momentos de angústia.

— Ele era uma pessoa humilde, querida por todos. Ele sabia o que estava fazendo. Agradecemos a todos que estão aqui desde o momento do acidente, prestando solidariedade e trabalhando pra encontrá-lo — ressalta o irmão de Flávio, Leucir Tobaldini.

Relembre o caso
Uma balsa virou na manhã de quarta-feira (18) no Rio Uruguai, em Marcelino Ramos, norte do Estado. De acordo com a Defesa Civil, a embarcação se deslocava do município de Alto Bela Vista, em Santa Catarina, quando naufragou.

Um sonar identificou a balsa na noite de quinta-feira (19). Ela tem peso estimado de 20 toneladas e cerca de 22 metros de comprimento. O veículo levava um caminhão carregado de tijolos, que também foi encontrado no fundo do rio.

O motorista do veículo e o auxiliar da balsa conseguiram se salvar, mas o balseiro segue desaparecido.

Por Flávia Dias e Erika Polesello – GZH Passo Fundo