Entenda a situação envolvendo Fundação Araucária e médicos no Hospital São José
11/08/2022 - 13:37

Os médicos do Hospital São José, de São José do Ouro, Dra. Andrea Alves de Oliveira, Dr. Malcon Natan Panisson, Dr. Maurício de Andrade Gomes Vieira e Dr. Pedro Muller, passam a realizar atendimentos apenas em nível de emergência.
De acordo com o documento assinado pelos médicos, a decisão foi tomada considerando o que já foi acordado em reuniões anteriores, e dois comunicados prévios, bem como a situação de inadimplências reincidentes, referentes aos honorários médicos.

Confira o que diz a Comunicação, expedida pelos médicos:

“Os médicos abaixo-assinados, considerando o que já foi acordado em reuniões anteriores e os dois comunicados prévios, bem como a situação de inadimplência reincidentes com as quais convivemos desde março do corrente ano, informa à Fundação Araucária que a partir do dia 11/08/22, quando então, estaremos a dois meses sem receber nossos honorários médicos, os atendimentos serão realizados apenas em regime de emergência, sendo respeitados  os tempos máximos de espera de acordo com o risco dos pacientes, e informados o Legislativo e o Executivo Municipal, bem como a imprensa local. Informam, também, que caso a inadimplência se estenda além do dia 18/08/22, o atendimento será interrompido, notificando-se o Conselho Regional de Medicina e o Ministério Público, conforme legislação vigente.”

O documento foi assinado pelos seguintes médicos: Dra. Andrea Alves de Oliveira, Dr. Malcon Natan Panisson, Dr. Maurício de Andrade Gomes Vieira e Dr. Pedro Muller.

O QUE DIZ A FUNDAÇÃO

Em contato com a Fundação Araucária, realizado nesta manhã (11), a Reportagem da Regional FM, recebeu em nota o seguinte retorno, do Superintendente da Fundação, Ademir Perineto:

“Apresento manifestação por escrito referente posição dos médicos que integram a Urgência e Emergência do Hospital São José, divulgada pela rádio na data de hoje.
Foi recebido pela Direção do Hospital na data de 09/08/2022 comunicado dos médicos pedindo solução quanto aos atrasos de pagamento. O atraso comunicado se referia ao mês de junho, vencido em julho, e julho, que venceu em 10/08/2022, ou seja, na data de ontem.
Ontem mesmo efetuamos o pagamento de 50% do mês de junho, estando pendente apenas 50% de junho e o mês de julho integral, que ressalto, venceu na data de ontem.
O Hospital São José, assim como os outros do Estado e do país passa por dificuldades, assim como historicamente ocorre. A situação de dificuldade hoje está agravada pela crise, com drástico aumento de despesas com insumos e medicamentos. Se percebemos grave aumento de despesas em nossas residências, nos hospitais e casas de saúde não é diferente, ainda mais que as receitas não aumentam, e no Hospital de São José inclusive tiveram grande redução após a perda de profissionais que fomentavam os serviços hospitalares com atendimentos particulares e através de convênios.
Estamos tentando nos ajustar, e buscando solução para o problema, e por isso agendamos reunião com os médicos para a próxima semana.
No entanto, ressalto, a situação dos hospitais é difícil, e se agravou com a crise, com a perda de profissionais, e hoje ainda mais com a aprovação do aumento de despesas com salários de enfermagem, que são merecedores, mas não há fonte de receita para essa despesa, e passou a ser de obrigação dos hospitais. Por isso mesmo meu retorno se dá por escrito, pois estou em reunião em Porto Alegre hoje, buscando soluções com outros 500 representantes de entidades hospitalares.
Agradeço a compreensão de todos e nos colocamos à disposição para quaisquer esclarecimentos.”

 

DOUTOR PEDRO MULLER EXPLICA A SITUAÇÃO DO PONTO DE VISTA DOS MÉDICOS

 

Em entrevista à Reportagem da Regional FM, o Dr. Pedro Muller, disse que a situação já se estende a alguns meses, e que tornar o problema público é uma maneira de tentar buscar soluções, que ainda não foram alcançadas.

“Já a alguns meses vinhamos convivendo com essa situação de atraso no recebimento dos nossos honorários, e sempre na tentativa e no sentido de cooperação com a Fundação. Nós nunca havíamos tornado isso público, sempre tentamos ajudar mantendo isso internamente. Foram feitas várias reuniões internas no sentido de solucionar isso… Infelizmente a situação chegou em um limite… foi avisado que se isso acontecesse novamente tornaríamos a situação pública, porque a gente sabe que infelizmente algumas soluções só vem a partir do momento em que a gente consegue envolver mais pessoas no problema. A ideia é solucionar o problema”, explica Muller.

O Dr. Pedro, também tranquilizou a população, dizendo que casos de emergência continuam a ser atendidos.

“Nenhum atendimento será negado a nenhum paciente. O que acontece é que existe uma classificação de risco dos pacientes, de acordo com a queixa, com os sinais vitais. Essa classificação de risco permite uma espera máxima de acordo com cada caso. Obviamente casos urgentes, dores intensas, emergências serão atendidas normalmente. A nossa ideia não é deixar a população desassistida. Não haverá negligência por parte dos médicos”, explica o doutor.

Muller finaliza dizendo que espera que o problema se resolva o mais breve possível.

Ouça a entrevista completa com o Dr. Pedro Muller: